domingo, 8 de julho de 2012

Cresci infelismente

Quando eu era pequenininha eu era inocente, via o mundo com outros olhos. Talvez os mesmos olhos, mas o que eu via era totalmente diferente. Eu achava que a pior dor era aquela quando eu ralava o joelho. Que a coisa mais amarga que existia era remédio. Que todo mundo era do bem e quem não era a gente vencia, ou essa pessoa mudava e ia “pro nosso lado”. Achava que ninguém mentiria, pois ninguém queria ter o nariz grandão igual o do Pinóquio. Que eu ia crescer e meu príncipe me encontraria, com seu cavalo branco e pediria minha mão em casamento para meus pais. Achava mesmo que meu pai era um rei, e minha mãe uma rainha. Os únicos da “realeza” de todo o mundo. Cresci mais um pouco e algumas coisas mudaram de figura. Mas ainda assim era inocente. Só mudei de opinião sobre algumas coisas. Não achava mais que o cavalo do meu príncipe iria ser branco, ele podia ser de outras cores também. Parei de acreditar que alguém ia ter um narigão se mentisse e passei a pensar que a pessoa se arrependia e tudo voltava a ser como antes. Que tola eu era. Meus pais não eram mais rei e rainha, eram super-heróis. Cresci mais um pouco. Então passei a dormir e ter pesadelos. Não queria mais um príncipe, eu queria alguém “descolado”. Vi que era comum às pessoas mentirem e nada acontecer. Meus pais deixaram de serem super-heróis e passaram a ser “chatos” que me impediam de fazer as coisas e me tratavam como criança. O que no fundo, eu ainda era. E posso ser ainda, quem sabe. Hoje, mais crescida eu mudei de opinião mais vezes. E vejo que ralar o joelho não dói mais tanto assim, que algumas pessoas podem ser do “mal” para sempre, só por prazer de ver os outros sofrer. Não espero mais um príncipe, eu só desejo alguém me ame e aceite. Do jeitinho que eu sou. Meus pais deixaram de ser ‘‘chatos’’ e eu percebi que eles podem não ser reis nem herois, mas são joias raras. Joias que não tem preço. Como você pode ver, as pessoas mudam. O encanto se perde. Mas a nossa verdadeira essência nunca deve se perder junto a essas tantas opiniões.

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