sexta-feira, 13 de abril de 2012

*-*

Cadê o meu celular?
— Acho que ta pra lá.
Ela se estica um pouco na cama para alcançar seu celular.
— Que foi? Você quer saber as horas? Tem um relógio bem a...
— Não. — Ela volta a se encaixar no ombro dele — Eu quero ouvir uma música.
— Música?
— Sim. Eu vou colocar uma música fofa e vamos ter um momento fofo.
— “Um momento fofo”?
— É! Um momento fofo sabe? Você me abraça, aí a gente troca olhares, você me beija e eu falo que te amo e etc... Essas coisas assim.
— Momento fofo?! Pra que diabos a gente tem que ter um momento fofo?
— Olha bem, cinqüenta por cento do nosso relacionamento se resume em xingamentos e brincadeiras idiotas...
— Sim, por que você é minha melhor amiga.
— Isso. E quarenta e nove por cento em safadeza. O que faz com que reste apenas um por cento para momentos românticos. E, pra um casal, isso não ta certo.
Ela coloca uma música romântica quando acaba de falar e volta a olhar para ele.
— Qual o seu problema?
— Para de ser chato e não estraga o nosso momento fofo!
— Mas a gente não precisa de um momento fofo, isso é ridículo!
— Você é ridículo.
— Eu?
— Você.
— Você que é chata.
— Eu sei! Mas seja um namorado legal e me deixa ser feliz com o nosso momento fofo.
— Já falei o quanto eu te odeio?
— Já deve ter comentado.
— Então, eu te odeio.
— Eu também te odeio.
— Odeia?
— Sim.
— Sério?
— Claro que é sério.
— Mas você não me ama?
— Não, eu te odeio.
— Odeia?
— Sim, ódio de melhor amiga sabe? Agora cala a boca e me beija. Temos que aproveitar nosso momento fofo.
— Caralho, a gente não precisa de momento fofo!
— Vai se fuder, a música vai acabar e a gente só discutiu até agora!
— Culpa sua, ninguém mandou ter essa idéia ridícula!
— Não foi uma idéia ridícula!
— Ah, foi.
— Eu só to tentando ser uma namorada fofa.
— Você sabe que gente fofa é um saco, né?
— Eu sei... Também odeio gente fofa.
— Então pra que você quer ter um “momento fofo”?
— Por que... Ah, porque as namoradas têm que ser fofas, não tem?
— Você sabe que você não é nem um pouco fofa, não é?
— Realmente, não sou mesmo. Mas você também não é nem um pouco.
— Claro que não. Como melhor amigo, minha função é te irritar e não ser fofo com você.
— Mas os namorados são fofos, e você também é meu namorado.
— Ah, então você quer que eu seja fofo?
— Não o tempo todo, ma...
— Tudo bem meu amor, eu vou ser fofo com você agora ta?
— Ah não, por favor! “Meu amor” não!
— Por que não, amor? Prefere minha linda?
— Ta bem, muito engraçado. Já pode parar.
— Ah, por que minha pequena?
— Velho, eu vou te bater.
Os dois se encaram e começam a rir.
— É por isso que nós não somos um casal fofinho.
Ela concorda.
— É, casais fofinhos são um saco.
— São mesmo.
— Mas você continua sendo chato.
— Por quê?
— Porque sim, oras.
— Ta bem...
— Mas meu chato.
— Só seu.
— Pra sempre.
— Ou até quando a gente ainda conseguir suportar um ao outro.
— Dá no mesmo.

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